E neste mês de setembro, fim de verão, início das aulas em tempos de pandemia, o projeto Mães do Canadá me pede uma dica especial para todas as famílias que estão de malas prontas para iniciar a vida em terra estrangeira. Confesso que não foi difícil, quem me segue faz tempo já sabe quais são as questões que mais reitero sobre filhos bem adaptados e felizes. Então vamos, lá.
Neste blog vocês encontrarão muitos posts compartilhando experiências, dicas e explicando em detalhes o que vem pela frente. E mesmo assim haverão surpresas, apertos e muitas emoções. O fato é que nunca estaremos preparadas para tudo, pois sair da zona de conforto tem seu preço, ainda mais com crianças à bordo.
Coração
Quando você vem para o Canadá com filhos, independente da idade, o coraçãozinho aperta em diversos níveis. São tantas as dúvidas, medos e, de fato, você tenta puxar toda pressão para si, afinal de contas, não quer se sentir culpada em transferir o peso da sua escolha para um ser dependente e que você ama.
Eu passei exatamente por isso. E além da vida nova a enfrentar em terras canadenses, vem a distância da família, a mudança cultural e a necessidade de se reintegrar em um novo núcleo. É dose pra leão, embora não pareça.
O meu conselho
Eu sempre repito o ditado de que “tudo que sei, é que nada sei”. Mas o melhor conselho que posso dar vocês, é para que acreditem no potencial dos seus filhos. Não acobertem eles com os SEUS medos e a SUAS angústias. Crianças são muito mais adaptáveis e surpreendentes que nós. O HD vazio é um espetáculo a parte.
É uma questão que vejo acontecer demais por aqui. Enquanto no Brasil colocamos os filhos embaixo da asa por causa da violência, entre outras razões, no Canadá não é incomum encontrarmos famílias com muito medo de expô-los por causa do idioma, dos costumes e até do clima. Não subestime a capacidade deles de dar um nó bonito na sua estratégia.
Tive uma amiga que estava fazendo uma tempestade com a escola francófona. Em dois meses a sua filha de cinco anos já estava misturando o português com o Francês e em seis meses a fluência completa batia na porta.
A mesma coisa ocorre com a necessidade de manter as crianças em guetos brazucas. Conservar a língua é essencial, mas lembre que crescendo aqui seus filhos terão mais referências canadenses que brasileiras. Então é muito importante que eles se sintam à vontade para transitar entre as duas comunidades. Ter amigos canadenses também é essencial. Tenha isso em mente.
Pipa solta
Vejo meus filhos se desenrolando muito bem entre crianças de vários lugares do mundo. Quando espero o pior, lá vem eles com uma novidade boa, um coelho na cartola. Neste 2020, o retorno escolar não foi fácil. O primeiro dia de ônibus escolar foi um sufoco, engoli seco até a hora de ver o grandão amarelo entrar na minha rua e eles descerem felizes, sozinhos, independentes e mascarados. Sim, não esqueceram de colocar a máscara, higienizar as mãos e manter o distanciamento. E eu esperando o pior, me envergonhei.
Pois bem, confiem no potencial dos seus filhos. Acreditem na educação que vocês deram. Reconheçam suas conquistas e talentos e não tenham medo. Ao contrário de nós, se a coisa apertar eles gritam, choram e seguem andando.
Aprendi que o importante é manter a pipa solta e ir nivelando conforme o vento canadense para que se desenvolvam firmes, confiantes e bilíngues (ou até trilingues). Voilá.
Para saber como eu ajusto a minha rotina diária com a maternidade, é só me seguir pelo Instagram clicando aqui.
Confira também os textos das outras participantes do projeto:
Gabriela (Toronto, ON) | Gaby no Canadá
Beatriz (Vancouver, BC) | Biba Cria
Carol (Mississauga, ON) | Minha Neve e Cia
Danielle (Toronto, ON) | Vidal no Norte
Livi (Toronto, ON) | Baianos no Pólo Norte
Mari (Calgary, AB) | De Bem Com a Vida
Musa (Toronto, ON) | Mamãe Musa
Nayara (East Gwillimbury, ON) | My Family no Canada
Esse texto faz MUITO sentido e deve servir como um lembrete diário para as mamães e papais em terras estrangeiras.