Esta história estava guardada faz tempo no meu computador. A Giulia e o Yuri chegaram há seis meses na Nova Scotia, no Canadá, e desde então estamos trocando figurinhas.
O #projetocanadá deles é uma inspiração para quem está terminando o curso superior e pensa em explorar o mundo. É muito mais fácil enfrentar os desafios da adaptação quando você é mais jovem e não tem filhos, isso é fato.
Mas muita coisa depende da sua força de vontade e dedicação: e esse segredo só eles podem compartilhar com vocês : )
Canadiando: Qual era a experiência profissional de vocês no Brasil ?
Giulia e Yuri: Eu, Giulia, me formei em 2016 em engenharia de aquicultura, fiz alguns trabalhos de consultoria em piscicultura e trabalhei um pouco com educação ambiental. O Yuri chegou a receber uma proposta pra trabalhar em uma empresa de fertilizantes em São Paulo, onde ele fez estágio. Ele se formou em setembro de 2018 e em dezembro do mesmo ano já estávamos no Canadá.
Canadiando: Por que escolheram esta província?
Giulia: Eu penso na Nova Scotia desde 2012, quando estava na Universidade Federal de Santa Catarina. Sabia que as províncias do Atlântico eram conhecidas pelo cultivo de salmão, bivalves e pelo fato da aquicultura ser bem desenvolvida.
Sempre pensamos que a minha profissão talvez seria um fator limitante – já que é algo bem específico e que não acontece em todas os locais. Optamos por fazer a escolha baseada na minha profissão, já que o Yuri é Engenheiro Químico, então as oportunidades seriam maiores pra ele independente da cidade. Província escolhida: Nova Scotia ! Cidade: Kentville.
O destino desejado a princípio era Halifax, mas o college lá só tinha vaga para o início em setembro de 2019 e queríamos sair do Brasil o quanto antes. O único Campus da Nova Scotia Community College (NSCC) com início em janeiro era o Kingstec Campus, em Kentville. Ficamos apreensivos no início pelo fato da cidade ser super pequena, mas depois abrimos a mente e resolvemos embarcar.
Canadiando: Qual o motivo que despertou o projeto Canadá?
Giulia: Vou contar um pouquinho da nossa história. Ambos somos do Paraná e nosso projeto começou em paralelo na cabeça de cada um individualmente, mesmo antes de nos reencontrarmos em 2017. Sim, eu vou explicar isso melhor.: )
Eu comecei a pensar nisso depois que entrei na faculdade, em 2012, foi logo quando o Programa Ciência sem Fronteiras começou aestourar. Comecei a fazer vários testes, como por exemplo o Toefl, pra proficiência de inglês, e também fazia aulas de inglês gratuitas que eles ofereciam na Universidade, e fui tentando, lendo os editais dos países e me encantando cada vez mais pelo Canadá. Mas naquela fase da minha vida eu ainda era bem novinha, tinha recém feito 18 anos e sentia que a idéia ainda precisava ser amadurecida. Resumindo, fiquei no Brasil.
Terminei minha graduação em 2016 e adivinha? Sim, queria sair correndo do Brasil! Alguma coisa sempre me dizia que eu tinha que sair de lá, minha desculpa foi o inglês, tentei convencer meus pais que eu precisava melhorar meu inglês. Após meses e meses de pesquisa descobri que só conseguiríamos bancar um intercâmbio se fosse pra Irlanda (lugar mais barato pra aprender o idioma e ainda tomar “Guinness” direto da fonte : ).
Passei sete meses na Irlanda estudando inglês e trabalhando como Au pair (babá com nome chique). Durante esse tempo eu reencontrei o Yuri na minha vida. Coisas do destino: havíamos estudado juntos na oitava série e como ele também fez intercâmbio na Irlanda por 1 mês em 2016, foi a terra da “Guinness” que nos uniu e criou um elo em comum. Começamos a namorar a distância e não é que deu certo?
O Yuri também morou na Califórnia por 1 ano e meio de 2014 a 2015 (pelo programa Ciência sem Fronteiras) e também compartilhava uma vontade enorme de sair do Brasil. Voltei da Irlanda em Novembro de 2017, encontrei o Yuri, fizemos muitos planos desde então. A mãe do Yuri nos incentivou muito e foi aí que a sementinha do projeto Canadá começou a crescer.
Canadiando: Qual foi o planejamento inicial (estudar, trabalhar)?
Giulia: Tomamos a decisão de tentar vir com visto de estudo e trabalho, já que não tínhamos muita experiência de trabalho no Brasil pra aplicar direto para residência permanente por sermos recém-formados. Conversamos com nossos pais – inclusive sobre ajuda financeira. Yuri já tinha algumas economias e também começamos a fazer alguns trabalhos como freelancer pra ajudar a juntar dinheiro pois estávamos desempregados. A idéia estava firme e forte, Yuri viria estudar e eu trabalhar.
Como eu já havia feito a prova do IELTS na Irlanda, já tínhamos uma nota reserva caso acontecesse algo improvável com a nota do Yuri. Mas Projeto Canadá sem acontecimentos inesperados não é Projeto Canadá.
Yuri estava terminando o trabalho de conclusão da faculdade, estudando para o IELTS, aplicando para o college e acabou enrolando o meio de campo. Acabei usando a carta na manga e apliquei eu para o college, não poderíamos deixar a oportunidade passar.
Nesse meio tempo teve casamento, é claro, exatamente dia 28 de junho. Casamos apenas no cartório e com um café da tarde bem discreto após a cerimônia só para a família mesmo (tudo para economizar).
E aproveitamos a época da festa junina/julina/agostina pra fazer aquele casório de brincadeira di cumadi e cumpadi ❤️
Recebemos a carta da NSCC (Nova Scotia Community College) dia 13 de julho, ficamos um pouco mais de um mês focando em escrever as cartas e conseguir toda a documentação para o visto e confesso que nunca usei tanto scanner na vida. Aplicamos para o visto de estudo e trabalho no dia 17 de agosto de 2018.
Eu já estava sofrendo bastante com minha ansiedade, todos que passam por isso sabem o quanto a espera pelo visto é dolorosa. Mas lembro como se fosse hoje: no dia cinco de setembro (apenas 19 dias após a aplicação, considerado tempo recorde), exatamente no dia da colação de grau do Yuri em Curitiba, recebi o email tão esperado – “Your application was approved!”
Canadiando: O que foi mais difícil deixar para trás?
Giulia: Apesar de não termos muitos vínculos como a maioria das pessoas que larga muita coisa pra vir pra cá, pensamos que foi um pouco mais fácil porque não tínhamos nada pra largar de fato. Entretanto, a parte mais dolorosa sempre será a família e os amigos. Foi complicado saber que iríamos ficar longe principalmente dos nossos pais, dos meus três sobrinhos e da irmãzinha do Yuri. Entretanto, como nós já havíamos passado pela experiência de morar longe, acho que acabou sendo uma saudade já vivida e conhecida, isso facilitou um pouquinho, mas bem pouquinho, afinal nunca é fácil ficar distante de quem a gente ama.
Canadiando: Pelas suas pesquisas, para qual província vocês não iriam? Qual motivo?
Giulia: O Canadá sempre esteve em nossos planos, mesmo antes de estarmos juntos. Pesquisamos praticamente todas as províncias, não tínhamos muita restrição a nada, sempre tentamos enxergar o lado bom em cada lugar que a gente descobria. Acabamos vindo para uma cidade no interior da Nova Scotia com apenas 6 mil habitantes. Acho que não deixaríamos de vir pra cá, independente da província.
Não nos importamos em dar alguns passos para trás se a nossa vida no Canadá nos preencher com alegria e satisfação, através da simplicidade dos detalhes que você começa a dar mais valor e perceber que a gente não precisa de muito pra ser feliz. O segredo é se fazer presente, aproveitar o momento, independente do lugar, da hora e das pessoas ao nosso redor.
Canadiando: Qual a principal fonte de pesquisa sobre o Canadá?
Giulia: Pesquisamos muito pelo site do Governo Canadense e grupos no Facebook. O grupo fechado dos Irmãos Prezia. Blogs do pessoal que já morava aqui, um deles foi o Canadiando e o blog do Casal no Canadá. E também acompanhamos bastante os Instagrams de diversas famílias, casais e pessoas que vieram sozinhas
Canadiando: Usaram o serviço de um consultor de imigração?
Giulia: Sim, ficamos bastante em dúvida na hora de tomar as decisões, não sabíamos se estava correto ou não, aquela ansiedade e insegurança que dá antes de aplicar pro visto. Aí fizemos apenas uma consulta nos auxiliou com algumas informações bastante pertinentes. Mas sendo bem franca, não acho que foi essencial para a nossa aprovação.
Canadiando: Vocês já vieram antes para o Canadá?
Giulia: Não, primeira vez dos dois.
Canadiando: Como vocês imaginavam e como está sendo a nova vida na Nova Scotia?
Giulia: Já fazem 5 meses e alguns dias que estamos vivendo nosso sonho canadense. Chegamos dia 6 de Dezembro de 2018 e as minhas aulas começaram dia 3 de Janeiro de 2019. Passamos por alguns problemas?
Claro, o que é uma vida sem aperto? Chegamos aqui no início do inverno e foi quele choque de realidade: novo clima, cultura, casaco e boca de neve, boca rachada etc. Até então sobrevivemos e rimos muito. E agora vamos curtindo cada surpresa e desafio que aparece pelo caminho.
Estou adorando o curso (Business Administration com foco em Marketing). Yuri está trabalhando há dois meses e meio no restaurante Pita Pita – uma franquia de lanches naturais. Ele está muito feliz, adora as chefes e os colegas de trabalho.
Claro que sempre tem gente mau humorada, pessoas que não fazem questão nenhuma de serem legais, mas isso vai existir em qualquer lugar do planeta.
Eu imaginava que iríamos gostar bastante, mas na nossa cabeça é sempre tudo diferente. A única coisa que me assustou no início realmente foi o frio de tremer a alma, mas com os acessórios e roupas adequadas todo mundo sobrevive e aprende a sobreviver feliz no inverno.
Em alguns momentos a gente desanima com tanto dia cinza, mas prática de esportes e a vitamina D diária auxilia nessa hora.
Outra coisa que também me decepcionou um pouquinho foi o transporte público que passa a cada uma hora nos pontos, no sábado a cada duas horas e no domingo não existe. Com o tempo a gente acostumou, o Yuri tem uma bicicleta pra se locomover no verão, eu vou caminhando pro college. A idéia é conseguir comprar um carro já para o próximo inverno.
Por enquanto só temos a agradecer por todos que nos ajudaram, família, amigos antigos e canadenses. Já nos sentimos muito realizados e preenchidos de alegria só de estar aqui podendo viver essa vida de imigrante intensamente.
Canadiando: Qual seu maior medo em emigrar do Brasil?
Giulia: Nossa vontade de sair do Brasil sempre foi enorme, não tínhamos muitos medos não. Nosso maior medo sempre foi chegar aqui e não conseguir emprego, enquanto nenhum dos dois conseguiu emprego a tensão era grande. Mas tirando isso, não tínhamos nenhum outro medo não, estávamos confiantes e otimistas!
Canadiando: Você também cogitou imigrar para outros países, quais?
Giulia: Até chegamos a olhar alguns cursos em Portugal, mas logo desistimos porque o nosso sonho era mesmo o Canadá.
Canadiando: Qual seu conselho para quem está iniciando o seu Projeto Canadá?
Giulia: Não tem fórmula certa eu acho, as pessoas são diferentes, com experiências e opiniões diferentes, mas acredito que confiar em si mesmo é a chave pro sucesso. Porque se você realmente quer algo, você precisa acreditar no seu sonho, projetar você no futuro e fazer acontecer.
Foco, determinação, paciência, persistência e uma dica valiosa é sempre ter um tempo para relaxar e esquecer do estresse que o processo causa. Algumas pessoas dizem que não devemos relaxar, blablabla, mas um momento pra gente, pro casal, pra família é essencial, faz bem e recarrega as energias.
Também venha com uma certa reserva financeira paga aguentar um tempo sem trabalhar. Eu só consegui meu emprego depois de três meses de muita batalha.
Confia no teu coração, coloca tua energia em cima daquela aplicação com pensamentos positivos, e seja paciente porque a recompensa sempre vem. E com ela vem muita coisa boa junto, aprendizado, experiência, maturidade, e a melhor parte de tudo, você começa a fazer amigos, criar raízes e começa a se sentir em casa novamente.🍁
Importante: Confira a trajetória do casal pela Nova Scotia através do Instagram !
O Projeto Canadá mostra as histórias dos futuros imigrantes de língua portuguesa que estão planejando o melhor caminho para recomeçar a vida na América do Norte.
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Porque a odisséia começa bem antes de pisar em terras canadenses.
Obrigada por esta matéria!
Conheço a Giulia ela é um amor de pessoa. Desejo toda sorte do mundo a este casal.
A Giulia é muito querida!!!