Brasileiros em New Brunswick: saiba mais sobre a Associação que fortalece a cultura verde amarela na costa leste do Canadá

Uma das questões mais difíceis ao emigrar é deixar para trás tudo o que se gosta. E isso não se restringe somente a coisas materiais: temos os laços familiares, as manias, a cultura e muitas referências de vida. Até por isso que as pessoas se buscam, criam vínculos com mais facilidade com os seus conterrâneos e até enxergam com mais clareza muitas coisas boas que antes passavam despercebidas. Isso acontece com todos que deixam seu país para começar uma nova história.

New Brunswick, por sua vez, uma província até bem pouco tempo desconhecida, já começa a chamar a atenção no mapa em função dos novos programas de imigração, entre outros motivos. Muitas famílias vieram para cá nos últimos anos e a perspectiva de aumento dessa “onda brasileira” é real na costa leste.

E como conservar a nossa brasilidade nessa terra tão distante ? Para responder essa pergunta fui atrás da Associação de Brasileiros de New Brunswick e conversei com a Fabíola Akaishi, que juntamente com Adriana Campbell, divide a direção da instituição que existe há cerca de dez anos em Moncton.  E fiquei sabendo de algo que me deixou muito feliz. Temos um time 100% feminino e com muita criatividade no comando da Associação. Se depender do empenho e das parcerias em pauta, vem muita coisa boa por aí. Confira.

O Brasil no festival multicultural Mosaiq, em Moncton. 

 Há quantos anos a Associação foi criada ?  A Associação de Brasileiros de New Brunswick começou a se formar por volta de 2008. A história é basicamente a seguinte: um grupo de brasileiras residentes em Moncton, que sempre se reuniam, percebeu a importância de preservar a cultura e a língua portuguesa. Além, é claro, de também sentirem a necessidade de alcançar representatividade junto ao Consulado brasileiro em Montreal. Então, primeiro surgiu um blog e logo após a Associação começou a tomar forma.

A primeira presidente foi a brasileira Karen Pearce. Juntas, eu, Karen e a Adriana, iniciamos a organização da instituição. Foi um trabalho longo reunir os brasileiros aqui residentes, realizar as primeiras atividades e reivindicar serviços que pudessem beneficiar a comunidade verde amarela. O objetivo da Associação é bem claro desde o início:  manter e promover a língua e a cultura brasileira entre os brasileiros de NB –  e a população em geral  – e auxiliar a integração dos brasileiros aqui residentes a comunidade local.

E nestes dez anos de instituição, muita coisa mudou ? Sim. A principal mudança foi a formalização da Associação como entidade sem fins lucrativos, com a elaboração de um estatuto e a definição de seus objetivos. Hoje já temos associados formalmente cadastrados e um calendário de atividades mensais. Mas ainda falta a sede física.

Vocês organizam eventos ? Como funciona a agenda ? As atividade voltadas para os brasileiros são nossos instrumentos para alcançar parte dos nossos objetivos. Uma de nossas atividades é a “Hora do Conto em Português” que acontece todo terceiro sábado do mês na biblioteca pública de Moncton. Promovemos também oficinas que abordam temas como: trabalho, cultura canadense e desafios de adaptação. Sempre assuntos sugeridos por nossos associados. Além disso temos eventos pontuais e confraternizações, principalmente em datas signicativas para nossa cultura, como festa junina e no dia da Independência. 

E em relação aos imigrantes recém-chegados ? Estamos explorando essa questão nas oficinas que tratam de recolocação no mercado de trabalho. Desta maneira, tentamos  atender a demanda dos recém-chegados que estão na fase de se estabelecer, encontrar emprego e precisam conhecer a dinâmica e as exigências do mercado canadense. Entendemos que essa é uma parte muito delicada e fundamental para a adaptação dos imigrantes.

A nova geração  (Fonte ABNB)

Existe alguma relação entre a Associação e o Consulado brasileiro no Canadá ? E com a província ? A Associação mantém canais abertos com as instituições governamentais municipais e provinciais, assim como com o Consulado de Montreal, que é o responsável pela nossa região. Desde o início buscamos trazer os serviços do Consulado para os brasileiros de NB.  Graças a este trabalho, constante e incansável,  conseguimos hoje contar com uma vice-cônsul honorária na cidade de Moncton.  É a Karen, nossa primeira presidente.

Vocês sabem quem são os brasileiros que estão por aqui ? O processo de formalização da nossa Associação e de cadastramento dos associados nos permitiu começar a ter uma visão de como é composta a comunidade brasileira em NB. Não temos números absolutos, mas já identificamos cerca de 100 brasileiros só em Moncton. Além disso, cadastramos algumas famílias de outras cidades, como Bathurst, Sackville, Fredericton e Woodstock. 

Como faço para fazer parte da associação ? Porque é importante participar ?  Todo brasileiro que residir na província de New Brunswick, independente do status de imigração,  pode se cadastrar preenchendo o formulário que se encontra na nossa página do Facebook (clique aqui) É importante se cadastrar porque diversas atividades oferecidas tem número limitados de vagas e os associados tem prioridade. Além do que, é necessário tornar a comunidade brasileira significativa em termos numéricos. Isso nos permitirá reivindicar mais serviços, tanto das instituições locais quanto do Consulado brasileiro. É a única maneira de mostrar que há demanda.  

Oficina de criação artística (Fonte ABNB)

Como a fundação se sustenta ? Vocês tem apoio de algum órgão provincial ? Basicamente de doações. Não temos apoio financeiro de nenhuma instituição ou órgão público. Quando necessário, para viabilizar alguma atividade, podemos cobrar uma pequena taxa dos participantes apenas para cobrir os custos específicos daquele evento.

Existe algum grande projeto que a Associação almeja para o futuro ? Principalmente no aspecto cultural, a atual direção vislumbra o crescimento das iniciativas que fortaleçam a preservação da nossa língua e cultura. Nosso objetivo estaria plenamente realizado se no futuro pudéssemos colocar em prática um projeto mais ambicioso e que traga mais beneficios para a comunidade.  
Um sonho, por exemplo, seria criar um centro educativo infantil para manter a língua portuguesa, a cultura brasileira e a integração com a cultura daqui também, pois plantando a semente nas crianças, a nossa cultura vai se perpetuar.

É consenso, da atual direção, levar adiante os objetivos básicos que motivaram a sua fundação através de novos integrantes. É essencial trabalhar para a Associação se fortalecer e criar raízes na província.  Gostaríamos de ver nossa instituição com uma sede física e oferecendo atividades variadas que possam ajudar a toda comunidade brasileira.

O importante é que a Associação seja um elo de conexão com a cultura e as tradições brasileiras, bem como um ponto de referência e união entre os brasileiros que vivem em NB. Além de permitir que os canadenses conheçam, entendam e admirem a cultura e o povo brasileiro. 

Conheça a história do time que comanda a instituição:       

Co-presidente:  Fabíola Akaishi, 14 anos de Canadá.
Vim para o Canadá para completar uma parte do meu projeto de mestrado quando conheci o meu marido em 2002. Retornei para o Brasil e finalizei meus estudos, quando então recebi a oferta de fazer meu projeto de doutorado aqui. Retornei em 2004, me casei e finalizei meu doutorado. Em 2007, comecei a trabalhar para um departmento do governo federal canadense como bióloga e acabei estabelecendo minha vida pessoal e profissional por aqui. Meu sonho nunca foi imigrar para o Canadá, mas acredito que o destino me trouxe até aqui. Independente de imigrar por escolha ou por destino, a adaptação à um novo país é um período difícil e ainda hoje sinto saudades de muitas coisas do Brasil, mas já consigo valorizar as coisas boas daqui e de lá. Sempre brinco com meu marido, seria maravilhoso se pudessemos juntar as coisas boas do Brasil e as coisas boas do Canadá e fazer um novo país!”

Co-presidente: Adriana Campbell,  24 anos de Canadá. 
 Não diria que eu escolhi o Canada, e sim que o Canada me escolheu. Após terminar a faculdade tive a oportunidade vir ao Canada pela primeira vez para trabalhar com o governo provincial de New Brunswick, em Fredericton. Vim através de um processo de intercâmbio internacional. Minha intenção era retornar à França, onde havia morado por seis meses no ano anterior. No entanto, um programa de computador me “casou” com este estágio e ao invés de me oferecer uma proposta na França me mandou pra cá. Resolvi aceitar a proposta canadense. Durante este período conheci um homem maravilhoso por quem me apaixonei e foi assim que acabei imigrando para o Canada”.

Tesoureira: Marlene Freire, 7 anos de Canadá.
“Foi meu marido que escolheu e acabou me convencendo. Nunca pensei em deixar o Brasil, mas quando ele me mostrou tudo o que poderíamos construir e usufruir aqui no Canadá, acabei me apaixonando. A educação, segurança e a qualidade de vida que poderíamos proporcionar aos nossos filhos teve um peso muito grande nessa decisão.”

 

Diretora: Erika Cantu, 6 anos de Canadá
“A minha história com o Canadá começou com o meu marido. Há muitos anos seus avós visitaram o Canadá e se apaixonaram, e sempre falavam sobre quão lindo e agradável era esse lugar. Conheci meu marido em 2006 nos Estados Unidos, eu brasileira morando em Chapel Hill e ele Belga morando em Maryland.  Em 2008 nos casamos na Bélgica e decidimos morar lá até encontrarmos um lugar aonde poderíamos chamarmos de “chez nous”! Moramos na Bélgica  de 2008 à 2012, quando finalmente o Canadá começou a fazer parte da nossa história. A princípio pensamos em Montreal, por ser francês e por existir uma comunidade grande de Brasileiros, um diferencial muito importante pra mim. Queria deixar as minhas raízes aos meus filhos. Porém, a paisagem e a tranquilidade de NB nos chamou atenção. Como buscávamos qualidade de vida, a província pareceu bem promissora. Foram quatro pontos que nos chamaram  a atenção: Bilinguismo, Educação e Saúde gratuitas e a quantidade de parques nacionais, tudo que buscávamos em um só lugar. Quanto a língua e a cultura brasileira, sabia que seria uma oportunidade de começar algo novo por aqui, principalmente para as novas gerações de brasileirinhos, incluindo meu filho, que na época só tinha 6 meses. Hoje não me vejo morando em nenhum outro lugar, claro que sinto saudades da minha família e amaria ter um pouquinho do Brasil, EUA e Bélgica aqui. Nós costumamos dizer que em nossa família pegamos o melhor de cada cultura e mantemos conosco. O que não é bacana deixamos na caixinha fechada”. 

Diretora Soraia Maurilio,  5 anos e meio de Canadá
“Num momento de crise pessoal eu precisava muito de um novo projeto para minha vida. Comecei casualmente a ler sobre o Canadá e a experiência de brasileiros que haviam se mudado para cá. Tudo o que eu li me fez ver o Canadá como o lugar certo, onde eu encontraria o ambiente que sempre quis. Além disso, vim em busca de oportunidades para mim e para meus filhos, além de qualidade de vida, estabilidade e segurança”.

 

 

Fique por dentro das atividades com a Associação de Brasileiros de New Brunswick, através da página da instituição no Facebook. 

 

3 thoughts on “Brasileiros em New Brunswick: saiba mais sobre a Associação que fortalece a cultura verde amarela na costa leste do Canadá

  1. Ola . Hoje moro em Toronto e meu marido vai ser transferir para New Brunswick, eu nao falo Ingles ,chegando ai vou fazer um curso de ingles.
    Vc sabe me informar se tem cabelereira Brasileira e sera muito dificil eu arrumar emprego .
    Aqui em Toronto eu trabalhei em.um hotel e trabalho na minha residencia com estetica corporal .
    Obrigada pela atencao.

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