Elizabeth II: O adeus à Rainha do Canadá

A Rainha partiu e com ela se encerra uma era. 

Você pode até não apreciar o sistema monárquico, mas ninguém escapa do fascínio que envolve toda pompa do cargo. É óbvio que há muita fantasia misturada com realidade. Mas Elizabeth, de fato, não foi uma mulher qualquer. 

Existem filmes, livros e séries no Netflix que buscam retratar seu reinado, atitudes e comportamento. Alguns discordam em certos pontos, mas a maioria é consenso sobre a sua diplomacia, senso de humor e olhar firme. Tudo isso num tempo em que nada disso existia, principamente quando se tratava do sexo feminino em posição de comando. Alguém já parou para pensar nisso?

Vida

Fica difícil imaginar que uma jovem que viveu em ponderado isolamento social e abdicou inúmeras coisas tenha desenvolvido um tato tão apurado para lidar com questões complexas de cunho internacional. 

Imagine encabeçar uma missão  por setenta anos e 214 dias, articulando sutilmente o xadrez de quatorze países, entre os quais o Canadá, que fazem parte da “Commonwealth”, além do Reino Unido. E foi com apenas vinte cinco anos, em 1952, que ela recebeu a coroa e  assumiu o cargo após a morte de seu pai, o rei George VI.

O Canadá

A Rainha esteve em diversas missões oficiais no país, num total 22 visitas. A última ocorreu em 2010, quando visitou Halifax, Ottawa, Winnipeg e Toronto. 

A propósito, na Nova Scotia ela mantinha um quarto no segundo andar na casa do Governador Liutenant, conforme fui informada ao visitar a turismo o local.

No Canadá, a Rainha é representada em nível federal por uma pessoa de sua confiança que ocupa o cargo de “Governor General” e este, por sua vez, indica o representante da monarca em cada província, o chamado “Governor Liutenant”. 

E foi através de dois deles que cheguei, de fato,  mais perto de Elizabeth II. 

Coincidências da vida

Tive a oportunidade de conversar, em Halifax, com o nomeado da província, o The Honourable Arthur J. LeBlanc, que foi extremamente simpático, nos convidou para mudar para Nova Scotia e ainda sugeriu registrarmos o momento.

Em outra oportunidade, soube que a mãe de um amigo canadense (que inclusive já morou no Brasil e fala português) representou a Rainha, em New Brunswick, por cinco anos. Tive a sorte de dividir um vinho e ouvir sobre o encontro de sua mãe com Elizabeth em Londres. Afinal de contas, não é a toda hora que temos acesso a informações deste tipo. 

Ele foi categórico, segundo palavras da própria mãe: Elizabeth era acolhedora, simpática e recebeu com muito carinho o presente que lhe foi entregue em mãos, uma coberta feita por artesãs locais, com bordados diversos. Puro capricho acadiano. 

Farewell

Já fui a Londres e registrei essa persona que vos escreve em frente ao palácio de Buckingham. Mero turismo.
Hoje o que mais vale são as duas oportunidades que tive de conversar com alguém que olhou nos olhos da Rainha e apertou a sua mão. É uma faísca da história que passou bem perto. 

E Betinha, como carinhosamente chamamos, se foi. 

É hora de deixar adormecer a menina que adorava animais, sabia dirigir caminhão, tinha um paladar doce e se comunicava em sete idiomas. Forte como uma rocha, leve como o glacê que tanto gostava.  A Operação London Bridge será sua missão final, um plano cheio de protocolos, muitos desenhados pela própria para o último Adeus. Au revoir la Reine. 

PS= Feliz em ter tido tempo de jurar ser fiel e ter verdadeira lealdade a ela. God Save the Queen.

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